quarta-feira, 7 de outubro de 2009

and the lamb still lies...

Agradeça ao robozinho.

Domingo eu reassisti a melhor animação da Pixar, na minha opinião, "Wall-e". E como se já não bastasse toda a graciosidade e beleza do filme, está nos créditos uma das maiores surpresas (acho que no cinema eu não prestei atenção direito, devo ter saido logo da sala querendo falar pra todo mundo sobre o filme do robozinho), sei que a música de fundo dos créditos é do dono de uma das maiores e mais belas vozes do rock n'roll. Peter Gabriel. "Down to Earth" é a música. Absurda, e de fundo aqueles hieroglifos da humanidade evoluindo com Eva e Wall-E de protagonistas é arretadíssimo.

Apesar de Wall-e merecer um post, este não é sobre ele. E sim sobre o resgate de Peter Gabriel.
Logo que terminou o filme, vim aqui para o computador, ouvir "Down to Earth" incessantemente. Daí me bateu a idéia de baixar o primeiro disco de Peter Gabriel, pós Genesis, de '77. Achei que era de uma imensa vergonha não conhecer a sua carreita solo. Sei que o disco é de uma perfeição absurda, e apenas 2 anos após a sua saída do Genesis, ainda dá pra sentir muita coisa do último disco com a banda, "The Lamb Lies Down On Broadway". Disco que até hoje, 5 6 anos depois de o ter conhecido, ainda está no topo da minha lista de disco favoritos.
Seguinte. Foi inevitável ouvir aqueles gritos de Peter Gabriel no disco de '77 e não apelar para a deliciosa nostalgia de ouvir um disco que você não escutava a anos. E Mergulhei de cabeça no Genesis. Todos os discos, "Trespass", "Nursery Cryme", "Foxtrot", "Live '73", "Selling England By the Pound", "The Lamb Lies Down on Broadway" agora estão sendo novamente degustados por um cidadão alguns anos mais velho.
E é estranho, muito estranho escutá-los hoje. Por que não dá pra não sentir as mesmas coisas que sentia lá pelos meus 15 16 anos. Não dá para não imaginar (por falta de vídeos que prestem) as performances de Peter Gabriel no palco representando Rael na turnê do "The Lamb Lies Down on Broadway", o seu desespero ao encontrar as "Lamias" e as surpresas nas aparições do "Brother John", ou encenando os 22 minutos de "Supper's Ready", ou não se sensibilizar com a história de "Get'Em Out By Friday", ou não pensar que "The Cinema Show" é a música mais bonita do mundo.
Peter Gabriel deu ao Genesis o que toda banda sonha em ter um dia. Uma identidade forte e inerte, que com o passar dos anos não cairia no que seria "o sacal de uma época". Genesis é uma banda formada de super músicos, andando de mãos dadas com a vertente do rock progressivo da época, que às vezes pode até soar cabeçuda. Porém antes de qualquer solo além das nossas habilidades e sons além da nossa capacidade auditiva, as músicas do Genesis, com Peter Gabriel de carro-chefe, tem uma história pra contar em primeiro plano que fazem com que quaisquer sons ou notas esquisitas adiquiram um significado no decorrer da canção. E tudo junto com a linda interpretação de Peter Gabriel, formaria até um quadro. Um quadro táctil, com sons, cheiros e movimentos.

É isso. Venho dizendo que estou passando por uma "síndrome de Peter Pan". Com Genesis de volta com tudo na playlist, tendo "Wall-e" como filme preferido, viciado em um novo jogo do Playstation e pouco se lixando pros mal-gostos e questionários cotidianos.